Considerando que sou leitora assídua de livros para jovens,
esse é um tema que ultrapassa as fronteiras do estranho – em geral, os YAs de
hoje em dia pecam por excesso de séries, não por sua falta. Como as séries da
escritora americana Cassandra Clare, por exemplo, poderiam ser melhores se
condensadas! Qual foi a necessidade de A
esperança para o fechamento da maravilhosa trilogia Jogos Vorazes?
Mas não vivo só de romancezinhos adolescentes e sempre existem
exceções, então foi com alguma dificuldade que selecionei essas não partes de
série que me fizeram desesperadamente querer mais. Alerta para possíveis
heresias literárias!
De longe, de muuito longe esse livro foi o que me fez querer
que escritores de gêneros não para jovens também fossem fãs de escrever séries.
Um dos meus livros favoritos de todo o século tem um universo extremamente rico
e complexo, com destaque para uma das partes futurísticas, Nea So Copros.
Em Nea So Corpros (chamada em A viagem, a versão cinematográfica, de Nova Seoul) os replicantes
(simplificando: clones) de Blade Runner
são utilizados para tarefas desvalorizadas e/ou perigosas, as corporações
mandam em tudo e qualquer semelhança com a realidade atual não é mera
coincidência. Através dos olhos de Somni, uma replicante que conseguiu pensar
por si própria, vemos tal mundo delineado de forma que não sentimos em momento
algum a sensação de “livro didático” que muitas vezes temos em universos paralelos.
Com Zachry, vemos o futuro de Somni, e com os outros três
universos mundos conhecidos mais igualmente fantásticos. Enfim, ao contrário de
99% dos livros YA transformadas em séries Cloud Atlas “dá pano pra manga”, e é
fantástico o suficiente para merecer mais vinte livros mais.
2. A visita cruel dotempo, de Jennifer Egan
A visita cruel do
tempo segue uma infinidade de personagens, com histórias entrelaçadas por
relacionamentos e pequenos acasos. A maior parte deles tem boa parte de sua
história narrada através de um só acontecimento precioso de suas vidas, e são
extremamente diferentes entre si. Reconheço que provavelmente seria bem
exaustivo para autora (cujos estilos de escrita mudam a cada personagem)
escrever uma série, mas quem disse que autores merecem ser levados em
consideração? Se é bom tem que enlouquecer mesmo.
Tá, brincadeirinha.
De qualquer maneira, meu pedido aqui é parcialmente
atendido: A visita cruel do tempo
virará uma série da HBO, mas não literária (dã, a HBO não publica livros) e sim
na televisão. Melhor que nada, não?
3. Sobrevivente,
de Chuck Palahniuk
Sou suspeita porque gosto demais dos dois livros que li
desse autor fabuloso. Mas Sobrevivente
(que conta a história de um ex-membro de uma seita religiosa radical que vira
estrela gospel) dá no mínimo um spin-off, com mais detalhes da vida de Tender
Branson na comunidade peculiar onde cresceu.
4. O concorrente,
de Stephen King
Falo isso aqui com um pouco de risco, pois O concorrente tem uma daquelas premissas
que pode ser facilmente desviada e transformada em ação impensada – o filme,
pelo que contam, é um exemplo disso. Desde que não transformassem a nossa série
fictícia em um loop eterno de concorrentes com pequenas diferenças entre si
(que no livro competem em uma corrida mortal – só dois sobreviveram em toda a
história do reality show, se a memória não me falha – por dinheiro) seria uma
ótima série. Você tem que confiar em Stephen King, não é?
Realmente, algumas séries para jovens adultos poderiam ser encurtadas sem sofrerem grandes danos. Mesmo que eu adore Instrumentos Mortais, tem algumas coisas desnecessárias, assim como Jogos Vorazes.
ResponderExcluirAndo bem curiosa pra ler Cloud Atlas! Só tenho visto resenhas positivas. Do Chuck Palahniuk só li O Clube da Luta, mas Sobrevivente está na minha lista de futuras aquisições. (: