Boas interpretações podem carregar um filme nas costas. Boas
interpretações de crianças, porém, o fazem de uma forma bastante especial.
Eu sei que isso parece ir contra a minha postura usual de
não subestimar os pequenos, mas não se enganem: é óbvio que a falta de
experiência leva um ator mirim a não interpretar tão bem quanto a senhora que
protagonizou Amour. Narrado por uma
garotinha de sete anos, que não sai de cena em momento algum, Pelo olhar de Maisie tem uma luz
especial.
Beale e Susanna são,um negociante de arte e uma estrela do
rock que conseguem dar um lar decente e uma vida bastante confortável para a
sua única filha, Maisie. Quando o casamento dos dois começa a se deteriorar,
porém, a garotinha se vê em meio a uma batalha por sua custódia que envolve
mais a vaidade de seus pais do que seu bem estar propriamente dito.
Ao contrário de muitos dos espectadores de Pelos olhos de Maisie, não interpreto
que Susanna e Beale fossem maus pais por excelência – não, há várias fagulhas de
amor e carinho no início do filme e um cuidado excessivo durante a batalha por
custódia. Quando a decisão do juiz de custódia compartilhada (dez dias com
Beale, dez com Susanna) parece imútavel, porém, ambos perdem interesse na
filha, passando o cuidado para os respectivos novos conjugues.
Que, é bom que se registre, foram escolhidos como uma forma
de pirraça mútua: Beale se casou com Margo, a babá irlandesa de Maisie; Susanna
começou a sair com um jovem barman chamado Lincoln ao perceber a óbvia
provocação. O que poderia ser algo danoso acaba sendo o porto seguro da
garotinha, já que os dois são os únicos que de fato cuidam dela como uma
criança de sete anos deve ser cuidada.
Pelos olhos de Maisie
é uma releitura moderna de um livro clássico, que vi na livraria há muito tempo
atrás. Fico curiosa para saber como era a ambientação original no século
dezenove, já que o filme me soou bastante moderno com situações bastante
ímpares.
Como sugere o título, o filme é contado pelo olhar da
própria Maisie, apesar de não termos narrações ou comentários da mesma em off.
É isso que torna boa parte de seu clima um feito impressionante.
É claro que ela se sente abandonada e com medo ao ter que
dormir na casa de pessoas estranhas por um episódio particularmente complicado
da mãe, ou decepcionada por não poder se mudar com o pai, mas a sua ótica é
completamente diferente. A negligência é por vezes recebida por ela com
indiferença, se o episódio não a afetou nem as suas brincadeiras. O filme nos
manipula justamente para que vejamos tudo pelo olhar de Maisie, e não pelo de
alguém já crescido.
E como já disse, boa parte de seu sucesso se deve a maestria
com que a atriz mirim interpreta a sua personagem: Onata Aprile consegue passar
bem as emoções da quieta e introvertida Maisie. O único grande defeito que vi
no filme se deve, parcialmente, ao roteiro – Lincoln e Margo demonstram gostar
demais de Maisie, mas não se revoltam em momento algum com a falta de cuidado
de seus pais verdadeiros.
Mais do que um filme sobre separação, como pode se supor, Pelos olhos de Maisie se excede ao
mostrar ao espectador como é ter sete anos de novo, dependente e impotente,
sujeito aos caprichos dos ditos adultos – e acredite: se Maisie estiver certa,
não era tão bom assim...
Olá
ResponderExcluirNão conhecia esse filme
Fiquei curiosa para assistir...
Beijos
cocacolaecupcake.blogspot.com.br
Oi Isa, tudo bem? Quanto tempo!
ResponderExcluirEsse filme deve ser fantástico. A atriz que interpreta a menina deve ter feito o trabalho excelente para transmitir tudo o que o filme pede.
Um beijo,
Luara - Estante Vertical
Nunca ouvi falar desse filme :/
ResponderExcluirAgora que tenho uma noção posso alugar e ver o que acho!
Adorei a dica!
Beijo
Não conhecia esse filme e nunca tinha ouvido falar, acho que justamente por ser tão diferente do comum. Adoro crianças e deve ser ótimo ter um filme visto do ponto de vista de uma, ainda mais sobre uma situação delicada como um divórcio. Fiquei com muita vontade de assistir!
ResponderExcluir